segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Não é valão

Neste último fim de semana visitei a minha mãe, no Passo d'Areia, em Porto Alegre. É o bairro onde me criei. Vivi 25 anos em uma rua que é cercada, nas suas duas esquinas, pelo caminho da água que desde criança nós aprendemos a chamar de "valão".
Mas afinal, de onde sai aquela água? E para onde ela vai?
É quando se começa a encontrar essas duas respostas que a compreensão da importância da defesa do rio Gravataí é possível. Na verdade, o que eu e os meus amigos de infância aprendemos que era um "valão", era o último braço do Gravataí. Lá na zona norte de Porto Alegre. O "valão" era o arroio Areia há muito canalizado e poluído ao extremo. Concentra as maiores cargas poluentes ao rio Gravataí, no seu trecho mais baixo.
E a explicação para isso está na alta concentração urbana por onde este arroio cruza. São problemas como a falta de tratamento de esgoto e a falta de consciência dessas comunidades. Como aquela onde eu me criei. Se todos conhecem o arroio como valão, é natural que nem pensem no quanto a própria casa está transformando o caminho da água em algo tão sujo.

O exemplo do lugar onde eu vivi em Porto Alegre não é muito diferente do que acontece no caminho do arroio Barnabé, em Gravataí, do Passinhos, em Cachoeirinha, ou do Fiúza, em Viamão.
Às vezes uma reportagem se torna mais consistente por esse olhar diferenciado do repórter. Quando ele consegue, com a pesquisa, contar o que observa e vive. No concurso Repórter-Mirim, um dos temas propostos trata do rio que começa dentro de casa. Por que não começar a olhar para a sua janela? De onde vem e para onde vai o valão que é seu vizinho?

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